Hoje acordei com o som do maracá me chamando... resolvi escrever. Os caboclos pedem.
Era noite de acampamento na Casa da Música, evento realizado por Amadeu Alves e os itapuanzeiros. A fogueira ardia enquanto ao seu redor a conversa fluía por temas que tratavam de histórias indígenas e afrodescendentes.
Celebrar a natureza e reverenciar a lagoa era o objetivo do final de semana.
Era mês de abril, tempo em que o calendário nos aproxima da nossa ancestralidade indígena.
A música dava o tom maior e as maracas eram o meio de união com o universo circundante, visível e invisível aos olhos.
Maracas ou maracás são instrumentos musicais feitos com cabaças secas, sem o miolo e recheadas com sementes, coquinhos ou pedrinhas. Esse é um instrumento sagrado para a conexão com os Encantados.
Os Encantados são entidades indígenas cuja sabedoria dirige as decisões e as ações a serem tomadas pelo grupo ou indivíduo. Os Encantados também cuidam da saúde corporal e espiritual, trazendo paz e equilíbrio para as pessoas que acreditam e para os espaços onde atuam.
Reverenciar, agradecer e falar com os Encantados é obra que exige conhecimento, fé, respeito, rito e musicalidade.
Para os índios, do Nordeste do Brasil, à música, a dança e a fumaça do cachimbo são elementos sagrados e preparativos para realização do toré.
Toré é uma dança circular realizada ao som dos maracás. Cantos específicos são entoados para os Encantados. Nesse ritual pode haver incorporação ou não.
O toré também é utilizado como forma de afirmação da cultura em espaços políticos, podendo todos os presentes participarem de parte do ritual. Veja no vídeo abaixo o toré na Casa da Música.
Antes deste ritual acima, ao nascer do sol tivemos a celebração a vida com as maracas da Família Teyuna da Colômbia, uma outra forma de reverenciar e se conectar com as divindades da natureza. Veja o vídeo abaixo
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